E na Praça da Sé, em São Paulo rolou uma manifestação de grupos católicos contra a legalização do aborto. Entre os pedidos dos manifestantes estavam a demissão de Eleonora Menecucchi, Secretária de Políticas para as Mulheres e a inclusão do aborto na Reforma do Código Penal brasileiro, entre outros. Mas a melhor parte da "manifestação" foi a participação da vocalista e guitarrista da banda Dominatrix, uma banda feminista,  Elisa Gargiulo.




Abaixo, o depoimento da Elisa no Facebook:
“Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros, com direito a TFP e skinheads. Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. No total eram 7 pessoas se posicionando a favor da legalização do aborto e contra a morte das mulheres. 7 pessoas. De lá, a marcha seguiu pro fórum João Mendes e o bispo Bergonzini protocolou ação pessoal contra o blog das Católicas Pelo Direito de Decidir. Ele exige que as Católicas não mais citem seu nome e ainda pede indenização de 600 mil reais. Fico pensando na violência que sofri hoje e quantas mulheres morreram pra que tivéssemos o direito de protestar e senti certa raiva de quem não bota a cara nas ruas, ficam apenas nas redes sociais. A luta é difícil, eu sei, mas nada vai vir via tuitadas. Estamos lutando pelas vidas das mulheres.”



Texto e foto de Cilmara Bedaque - @na_faixa
"éramos sete, mas totalmente conscientes que a tarefa seria difícil. afinal quase duzentas pessoas levadas a praça da sé em ônibus, com camisetas, cartazes e equipamento de som não era exatamente uma manifestação espontânea.

chegamos, vindos de vários lugares da cidade, mas não nos intimidamos. abrimos nossos cartazes e chamamos a atenção da imprensa para uma manifestação pacífica, sem gritos e gestos ofensivos. ao perceberem o conteúdo de nossos cartazes, a turba se apresentou de todas as maneiras possíveis: uns gritando, nos chamando de assassinas e outros, mais calmos, querendo nos catequizar. em meio a estes comportamentos extremos, outros que alternavam xingamentos e vaias.

agüentamos firmes, embora depois um verdadeiro tremor tenha tomado conta de nossas mãos que não deixava nem que tuitássemos e mandássemos fotos do que acontecia. já fugi da cavalaria, durante a ditadura; joguei bolinhas de gude nos pobres cavalos para que escorregassem e nos dessem tempo para fugir. mas a agressividade que senti ontem eu não sentia há muito tempo.

mas considero mais que positiva nossa interferência. é na rua que devemos contrapor idéias que nos desagradam. e é na rua que podemos nos mostrar exatamente como os outros fazem."



“Entendo. Se não faço sexo com você, sou uma chata pudica. Se tomo pílula, sou uma vadia. Se fico grávida, sou uma idiota. Se escolho fazer um aborto, sou Satanás. Yay.”

Yay.
Tenho medo do Brasil. 

Texto retirado do Tumblr O Patriarcado Kanye Westizando Nóis
Texto adaptado do blog O Esquema