Uma cidade sem educação, sem saúde, sem cultura, sem museus, sem parques, sem praças, sem calçadas, sem ciclovias e sem áreas verdes (e ainda querem destruir o pouco que existe no parque do Cocó), uma cidade sem cartão postal.

Fortaleza feia, de meios fios quebrados, de fios amontoados e pendurados nos postes, fortaleza que derrama seu esgoto nas praias e emporcalha o único lazer gratuito de nosso povo sofrido.
Uma cidade que não se move, sempre engarrafada, uma cidade pobre e desigual, que vive com medo, uma metrópole violenta e insegura.

Fortaleza que não luta, que não tem oposição política, que ri e faz gozação de tudo, até da sua própria desgraça, que prefere promover festas e baladas a promover e brigar por seus direitos.

Fortaleza que chora a morte de americanos, gaúchos e cariocas, mas esquece dos irmãos massacrados pela seca.

Fortaleza dos shows, das construções faraônicas, dos paredões, Fortaleza da ostentação, dos carros de luxo, onde as colunas sociais são mais importantes e tem mais destaque que as páginas de cultura e arte.

Fortaleza deslumbrada que tem complexo de inferioridade e acha que construindo grandes prédios e fazendo grandes shows vai se tornar uma cidade cosmopolita.

Fortaleza dos meninos bem nascidos, que usam roupas iguais, quase um uniforme, relógios, sapatos, camisas e óculos, que compram carros grandes que não cabem nas vagas dos prédios e dos shoppings.

Fortaleza das meninas bem cuidadas, que casam com maridos ricos, que pintam o cabelo da mesma cor, que colocam silicone do mesmo tamanho, que se depilam do mesmo jeito e se vestem na mesma loja, aqui ou em Miami. Querem ser diferentes, mas são iguais.

Fortaleza dos mal nascidos, dos despossuídos, dos desgraçados, dos esquecidos, do povo pobre, que é maioria, mas que é tratada como minoria e que se revolta.

Cidade opaca, sem brilho e sem graça.

Fortaleza o que fizemos contigo?


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